
Durante entrevista ao Arena Oeste desta quinta-feira, 19, o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) fez duras críticas ao governo Lula, à atuação do Judiciário e à estrutura política brasileira.
Segundo o parlamentar, o atual governo “nunca nasceu” e opera desde o começo por meio da “compra do Congresso”, estratégia que, em sua avaliação, compromete a legitimidade das decisões legislativas. “Ele comprou a sua, entre aspas, governabilidade”, avalia. “Mas, no fundo, ele comprou a agenda política dele. Ele não está governando.”
Luiz Philippe também questionou a legitimidade da eleição de 2022. Disse que “os partidos que formam a esquerda perderam em votação” e que há uma “dissonância muito grave” na atual legislatura, ao constatar o fato de o Executivo não ter maioria no Congresso. Afirmou ainda que o Judiciário teria exercido “alta intervenção” para viabilizar o atual cenário político.
O deputado classificou como “injustificável” a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro e defendeu a possibilidade de reversão. Na sua análise, o cenário ideal para 2026 ainda inclui Bolsonaro como candidato, e discutir alternativas seria “coluir com o problema”.
Considerou o Judiciário “hiperativo” e fora de suas competências constitucionais e o descreveu como uma nova oligarquia. “O Judiciário está muito mais vocal, se tornou já um mini parlamento nomeado”, disse. “Claro, unipartidário.”
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Rejeição à regulação das redes e críticas ao ativismo judicial
Luiz Philippe repudiou tentativas de controle das redes sociais e classificou as ações do Judiciário como censura. Disse que o Congresso já rejeitou propostas de regulação e que a insistência judicial no tema seria “mais uma interferência”.
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O deputado ainda afirmou que a censura já fazia parte do plano de governo do atual presidente e responsabilizou parte do eleitorado: “Quem votou nesse governo, votou pela censura”. Luiz Philippe ainda defendeu que o Judiciário aplica essa agenda política de forma inconstitucional.
Defesa de anistia e apelo por mobilização permanente
Sobre os atos de 8 de janeiro de 2023, o parlamentar chamou os processos penais de “farsa” e defendeu a anistia a condenados. Destacou a importância da mobilização popular contínua como instrumento de pressão política. “A cobrança tem que ser perpétua”, disse.
“Quando você tem cidadania, parte da sua obrigação é cobrança, cobrança, cobrança.” Lembrou a mobilização pelo impeachment de Dilma Rousseff como exemplo de sucesso e argumentou que o “medo” seria o principal fator de inércia da população.


Proposta de nova Constituinte e críticas à Constituição de 1988
O deputado defendeu uma nova Constituinte e a criação de um novo modelo político-institucional no Brasil. Criticou a atual Constituição por conter dispositivos que travam reformas necessárias e a classificou como “emendada demais” para continuar como a de 1988.
“O maior problema que temos à nossa frente é uma falha sistêmica”, disse. Entre os pontos defendidos, estão a adoção do voto distrital, a separação entre quem arrecada e quem gasta, o fortalecimento do Parlamento e mecanismos como o voto de desconfiança.
Além disso, reiterou seu apoio ao parlamentarismo, com condições como voto distrital e separação de funções fiscais e administrativas. “O problema agora do nosso modelo político é que ele não é parlamentarista e nem presidencialista, ele é uma jabuticaba”, comparou.
Alerta sobre o Drex e defesa da liberdade monetária
Sobre economia, Luiz Philippe criticou a criação do Drex, moeda digital planejada pelo Banco Central, e defendeu a liberdade contratual e monetária. Para ele, a obrigatoriedade do Drex representaria um passo em direção ao totalitarismo.
“Pode, se quiser, criar o Drex, mas que nunca institua o Drex como sendo a única moeda”, afirmou. Manifestou apoio ao uso livre de outras moedas, como Bitcoin, e afirmou que o Brasil deveria adotar medidas que atraíssem investimentos em vez de impor restrições.


Críticas à política externa e à fragilidade institucional
Ao abordar a política externa, Luiz Philippe afirmou que o Brasil tem “diplomacia falha” por causa de instituições internas fracas. Para ele, o país não exerce liderança regional porque carece de poder militar e de independência econômica.
“Nós não temos o hard power“, considerou. “Temos um governo e Constituição que combatem o armamento das nossas defesas.” Segundo o deputado, a ausência de protagonismo tem consequências práticas, como perda de contratos internacionais e fragilização da imagem do país no exterior.
Ao responder sobre pressões externas, o parlamentar mencionou China, Rússia, Arábia Saudita e União Europeia como países ou blocos com interesse no Brasil. “Houve agora denúncias nos Estados Unidos de interferência clara nas eleições do Brasil, durante o governo Biden”, lembrou.
Segundo ele, o Brasil cede à pressão de fundos de investimento internacionais que buscam controlar recursos naturais e políticas internas. Citou também a Agenda 2030 da ONU como elemento adotado por ministros do Supremo Tribunal Federal.
Ao final, Luiz Philippe disse não ter ambição pessoal por cargos maiores, como o Senado, mas sim pela transformação do sistema político nacional. “Ocupar espaço cada vez maior num sistema falho, sem propor mudança do sistema, é uma desonestidade absoluta com o eleitor”, encerrou.
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