
O presidente Lula (PT) defendeu a regulação das redes sociais neste sábado (24), ao participar do lançamento do Programa Solo Vivo, em Campo Verde (MT). A uma plateia de agricultores familiares e indígenas, Lula disse que “não é possível que tudo tenha controle, menos as empresas de aplicativos”.
“É preciso que a gente discuta com o Congresso Nacional a responsabilidade de regular o uso das empresas [de mídias sociais]”, afirmou o presidente, que havia defendido a regulação durante evento em março.
Lula voltou ao tema menos de duas semanas após a repercussão negativa de uma conversa divulgada entre a primeira-dama Janja e o ditador da China, Xi Jinping.
Neste mês, em viagem oficial da Presidência à China, Janja teria reclamado ao ditador que o algoritmo da plataforma chinesa favorece conteúdos da direita. O líder chinês teria respondido que o Brasil tem o direito de regular o aplicativo.
Janja disse ter sido vítima de “machismo e misoginia” após o vazamento das declarações. “Vejo a amplificação da misoginia por parte da imprensa, e me entristece que tenha o engajamento de mulheres”, criticou. Já Lula reclamou da divulgação da conversa por sua equipe, criando um “climão” no governo.
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Durante o discurso no Mato Grosso, além de reclamar da falta de regulação das redes, Lula conectou sua fala à recente proibição do uso de telefones celulares por alunos nas escolas.
“Nós sabemos o maleficio que faz a violência e o bullying. Esses dias uma menina se matou porque foi acusada e quase que torturada pelos amiguinhos pela internet. Não era pessoalmente, não. Vocês sabem quantas ofensas e provocações recebem”, disse.
Programa Solo Vivo
Apresentado por Lula ao lado do ministro Carlos Fávaro, Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Marcio Macedo, e do governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), que chegou a ser vaiado durante o evento, o Programa Solo Vivo tem foco na recuperação de áreas degradadas e ao fortalecimento da agricultura familiar.
Segundo Mapa, o projeto terá investimento inicial de R$ 42,8 milhões e deve beneficiar também assentamentos rurais. O programa será inicialmente implantado em cinco municípios mato-grossenses: Campo Verde, Poconé, São José dos Quatro Marcos, São Félix do Araguaia e Juína.