
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia incluir na sua viagem à Argentina, nos dias 2 e 3 de julho, uma visita à ex-presidente Cristina Kirchner. O compromisso não consta na agenda oficial, mas fontes do governo brasileiro confirmaram ao jornal O Globo a intenção do petista de encontrar Cristina, que cumpre prisão domiciliar em Buenos Aires desde quarta-feira 19.
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A ex-presidente foi condenada a seis anos de prisão por corrupção. A sentença, validada pela Suprema Corte da Argentina, representou a primeira grande derrota judicial do kirchnerismo. Parte da sociedade interpreta o episódio como o início do colapso desse ciclo político. Outra parcela, em que se inclui Lula, considera a decisão um ato de perseguição, do qual Cristina pode sair fortalecida. Embora não tenha se posicionado sobre o processo, Lula manifestou solidariedade, o que na prática reforça a tese da perseguição política.
A possibilidade de Lula visitar Cristina deve acirrar novamente as tensões com o governo de Javier Milei. O deputado Paulo Pimenta, que participou de uma manifestação em apoio à ex-presidente em Buenos Aires, antecipou os planos. Assessores do governo brasileiro lembram que Milei se ausentou da Cúpula do Mercosul, o que motivou Lula a incluir Buenos Aires na viagem. Fontes de Brasília afirmam que “Milei não tem estatura moral para questionar uma eventual visita de Lula a Cristina”.
O encontro, no entanto, depende de autorização judicial. A legislação argentina permite acesso ao local onde Cristina cumpre pena apenas para familiares. Até o momento, nenhuma solicitação formal partiu do governo brasileiro.
A agenda oficial de Lula prevê chegada à Argentina na noite de quarta-feira 2
A agenda oficial de Lula prevê chegada à Argentina na noite de quarta-feira 2. No dia seguinte, ele participa da Cúpula do Mercosul, em que o Brasil assumirá a presidência rotativa do bloco. A programação não inclui compromissos extras, nem sequer um almoço em Buenos Aires.
Existe a possibilidade de a visita ocorrer na noite de quarta-feira ou logo depois do encerramento da cúpula. Diplomatas brasileiros ressaltam que, se a prioridade for manter a estabilidade conquistada nos últimos meses, esse gesto seria considerado “contraproducente”.
O clima diplomático entre Brasil e Argentina manteve-se relativamente estável nas últimas semanas. Lula e Milei evitaram ataques públicos e até atuaram juntos em pautas estratégicas, como o avanço do acordo entre Mercosul e União Europeia e a revisão da Tarifa Externa Comum, que afastou o risco de ruptura do bloco.