
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quinta-feira (12) que não há evidências de uma atuação em larga escala de espiões russos no Brasil. A declaração ocorre após o jornal norte-americano The New York Times (NYT) revelar detalhes de uma operação de contraespionagem comandada pela Polícia Federal contra um grupo de agentes russos que usaria o país como base.
“Não há nada de concreto nesse sentido, de que há uma ação em larga escala de espiões. Sejam da Rússia, sejam de qualquer país. Nossas autoridades, tanto do setor militar quanto do setor policial, mesmo da Abin, estão atentos a isso”, disse o ministro a jornalistas após a abertura da 4ª Reunião da Interpol para Chefes de Polícia da América do Sul.
Lewandowski admitiu que existe um caso isolado em investigação sob a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF). “Quando o Judiciário decidir, o governo brasileiro tomará a decisão correspondente à decisão do STF neste caso. Enquanto não houver, digamos assim, uma ação criminosa, não é o caso da Polícia Federal ingressar na questão”, ressaltou.
A Corte analisa a extradição do espião russo Sergey Cherkasov, um dos citados na reportagem do NYT. Ele está preso na Penitenciária Federal de Brasília desde dezembro de 2022.
Em dezembro de 2024, o ministro Edson Fachin rejeitou a entrega “antecipada” de Cherkasov à Rússia, pois ele responde a inquéritos no Brasil por suspeita de “atos de espionagem, lavagem de capitais e corrupção passiva”.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, reforçou que o caso de Cherkasov é responsabilidade do Poder Judiciário. “A Polícia Federal tem sua diretoria de inteligência que faz o trabalho de investigações, inclusive essa que tem o processo em trâmite no STF sob sigilo e por essas razões a gente não pode avançar nesse comentário”, disse.