
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ironizaram nessa sexta-feira (30) o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, durante audiência pública na Câmara Municipal de Votuporanga (SP).
Ao entoar o coro de “ministro promessinha”, os manifestantes expressaram a insatisfação com a atuação do ministro, a quem acusam de lentidão na condução da reforma agrária. O ato, que contou até com a participação de um membro da Mesa Diretora, ocorreu mesmo sem a presença de Teixeira.
A manifestação é mais um episódio na escalada de críticas do MST contra o ministro em rota de colisão direta com o governo. Segundo o movimento, Teixeira “não está à altura dos desafios da pasta”. O MST já afirmou publicamente que quer a demissão de Teixeira e que pretende aumentar a pressão sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que isso ocorra.
O ministro, por sua vez, se diz surpreso com as cobranças e garante que todas as metas de sua pasta estão em dia. “Estamos cumprindo as metas: metade já foi entregue, estamos na metade do ano”, declarou, citando o programa Terra da Gente e investimentos como R$ 1,6 bilhão em crédito instalação e mais R$ 1 bilhão para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
VEJA TAMBÉM:
A rota de colisão entre MST e ministro o Paulo Teixeira
A relação entre o MST e o ministro Paulo Teixeira entrou definitivamente em rota de colisão neste mês de maio. O movimento acusa Teixeira de mascarar os números da reforma agrária afirmando que houve a inclusão de famílias que apenas passaram por processos de regularização nas estatísticas de novos assentamentos.
O dirigente nacional do MST Jaime Amorim chegou a dizer que estavam falsificando números e que estes dados estavam fora da realidade. Segundo ele, a tendência é que o movimento passe a boicotar encontros com Teixeira, como fez em Petrolina (PE), para não legitimar o que chamou de uma “aparência de normalidade” que o ministro tenta transmitir.
O MST diz que a reforma agrária segue praticamente paralisada, e responsabiliza o ministro pela falta de avanços, principalmente pela sua suposta incapacidade de garantir mais recursos no Orçamento. Apesar de Teixeira reforçar que tem mantido o diálogo e ajustado dados a partir das críticas, o MST sinaliza que não quer mais conversa, apenas a saída do ministro do cargo.