
O Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) tem buscado expandir sua parceria com a China. Durante visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China neste mês, o IBGE discutiu um memorando fechado com o Instituto Nacional de Estatística da China em 2024. Outros dois acordos com organizações chinesas foram anunciados.
Há cerca de um ano, o IBGE assinou um memorando de entendimento com Instituto de Estatística chinês a fim de aprimorar e expandir a parceria entre os dois órgãos. Expandindo a parceria entre os países, a visita da delegação do órgão brasileiro à China também anunciou novos acordos: com Academia de Estudos Contemporâneos da China e do Mundo (ACCWS, na sigla em inglês) e com a Universidade Normal de Hebei.
Conforme informou o IBGE, o acordo assinado com a ACCWS tem o objetivo de estabelecer o Centro Conjunto de Pesquisa. A criação do centro tem a intenção de aprimorar as capacidades de ambas as partes em pesquisa acadêmica e cooperação em comunicação internacional.
Além disso, conforme informou o IBGE, a parceria prevê a troca de informações, intercâmbio e cooperação entre think tanks da China e do Brasil. “Com o acordo, espera-se que sejam realizadas atividades, de forma conjunta, para a produção de estudos e realização de eventos”, informou o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia.
Já acordo assinado com a Universidade Normal de Hebei, prevê uma parceria entre as instituições que prevê: desenvolvimento de cooperação em áreas acadêmicas de interesse mútuo, a implementação de programas de intercâmbio para alunos de graduação e de pós-graduação, o favorecimento de intercâmbio de docentes para visitas, capacitação, pesquisas e estudos; e a troca de materiais educacionais e a organização conjunta de conferências acadêmicas.
O Diretor de Pesquisas (DPE) do IBGE, Gustavo Junger, pontuou que em diálogo com o Escritório Nacional de Estatísticas da China (NBS, na sigla em inglês), foi possível identificar possíveis pontos de melhorias no instituto brasileiro além de identificação entre os trabalhos realizados pelos institutos. Como a preparação para os censos agropecuários, que, em ambos os países, deve ocorrer em 2026.
“Os próximos passos dessa aproximação com o NBS-China, sem dúvida, passarão pela maior aproximação das equipes técnicas e a definição de uma agenda que nos permita acompanhar de perto os avanços realizados pelo instituto, assim como compartilhar nossas experiências, fomentando um campo fértil ao diálogo entre duas instituições”, declarou Junger.
Ex-diretor do IBGE já fez críticas à aproximação com a China
O sociólogo Simon Schwartzman, presidiu o IBGE entre 1994 e 1998, fez críticas à aproximação do instituto brasileiro com órgão chineses. Em entrevista ao Estadão, Schwartzman que o país não seria uma bom exemplo para o IBGE.
Para o ex-diretor do instituto, a modernização do IBGE é necessária, mas buscá-la através da China não é o melhor caminho. “O país notável do terceiro mundo é a Índia. E todos os países da Europa Ocidental também fazem isso. A China não é um bom exemplo para o IBGE. Ela é muito fechada”, disse.
“A Índia é mais interessante na digitalização, e tem hoje uma população maior até do que a China. É um desafio altíssimo coletar dados lá na Índia, mas todo mundo tem identidade digital, todo mundo usa comunicação digital. Eles avançaram muitíssimo nisso”, declarou ao jornal.