
A ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR), das Relações Institucionais, afirmou que a alteração das alíquotas do IOF informada por Fernando Haddad (Fazenda), na semana passada, seria uma “mudança pequena” e que ele não detalhou qual seria a elevação das taxas.
A medida gerou mais uma crise para o governo e apontou o que teria sido uma contradição do ministro, que disse ter discutido a mudança na mesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Nós fizemos uma reunião com a junta [financeira] durante a semana e depois com o presidente [Lula]. O ministro Haddad explicou as medidas [para equilibrar as contas do governo] e falou do IOF. Ele não abriu com detalhes o que ia fazer. Mas disse, olha, a mudança é pequena”, disse a ministra em entrevista à TV Globo na noite desta quarta (28).
Gleisi afirmou que a “todo mundo aceitou” a medida sem detalhes por Haddad ser “sempre muito cioso” e que, após a publicação e a repercussão negativa, o próprio ministério avaliou a possibilidade de recuar.
“Quando erra, paciência, recua, não tem problema”, disse reconhecendo que houve um erro com “impacto muito grande”.
A ministra ainda negou uma eventual crise com Haddad após o anúncio das medidas por causa de uma reunião entre ministros ter sido convocada sem a presença dele para avaliar o impacto das mudanças no IOF. Para ela, o encontro já tinha sido agendado com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social) para tratar da inteligência artificial.
“Quando eu cheguei, esse negócio [IOF] já estava [repercutindo]. O pessoal da assessoria dizendo estava dando problema, o mercado, gente ligando, imprensa ligando. Nós sentamos lá e conversamos”, explicou.
A repercussão negativa do aumento das alíquotas do IOF culminou em um recuo parcial anunciado pela própria Fazenda na noite de 22 de maio, por meio das redes sociais do ministério. No dia seguinte, Haddad convocou nova entrevista coletiva, desta vez para explicar a decisão de suspender parte do aumento das alíquotas, na tentativa de conter os danos para o governo.
Ele, no entanto, segue sob pressão principalmente do Congresso e deve se reunir novamente nesta quinta (29) com os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para encontrar uma solução e evitar o encaminhamento de um projeto de decreto legislativo que derruba a medida do governo.
Na primeira reunião entre eles, na noite de quarta (28), Haddad explicou o risco de um colapso nas contas públicas com a possível derrubada do aumento pelo Congresso, e também recebeu sugestões que serão avaliadas pela equipe técnica da pasta em até 10 dias.