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Estados mais violentos são governados por aliados de Lula

Os dez estados brasileiros com as maiores proporções de homicídios para cada 100 mil habitantes são todos governados por siglas de esquerda ou aliados que fazem parte da base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Os números são do Mapa da Segurança Pública do próprio Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) do ano de 2025. Eles foram elaborados com base em registros da polícia feitos no ano de 2024.

O governo deu publicidade ao estudo nesta semana em cerimônia com o ministro da Justiça Ricardo Lewandowski, e ressaltou uma queda de 6,33% nos homicídios, que somaram 35.365 vítimas em 2024. Mas o governo federal não mencionou que a queda se concentrou em estados onde as polícias são controladas por governadores ligados à oposição. Hoje os estados são os responsáveis diretos pelo controle da violência.

A campanha ocorre em paralelo a um esforço do Executivo para fazer alterações nessa norma e fazer os estados seguirem uma política nacional de segurança pública. A violência é a maior preocupação dos brasileiros, segundo uma pesquisa da Quaest divulgada neste mês e deve ter impacto direto na eleição presidencial de 2026.

Na proporção, o Ceará, governado por Elmano de Freitas (PT), teve o pior indicador. Registrou uma média de 34,42 assassinatos para cada 100 mil habitantes – 3.178 mortos no total. Pernambuco, governado por Raquel Lyra (PSD), teve 33,55 mortes para cada 100 mil habitantes, totalizando 3.200 assassinatos. Apesar de o PSD ter linhas dissidentes do governo, o partido está na base com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Fávaro.

Alagoas, governado por Paulo Dantas (MDB), somou 30,96 mortes para cada 100 mil habitantes (997 assassinatos); a Bahia, com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), teve média de 28,32 – foi o estado brasileiro mais violento no ano passado considerando os dados globais, com 4.205 homicídios dolosos.

O Maranhão, de Carlos Orleans Brandão Junior (PSB), partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, somou 27,30 homicídios a cada 100 mil moradores, 1.914 mortes no total. O Amapá, de Clécio Luis (Solidariedade), somou 26,90 homicídios a cada 100 mil moradores (216 casos).

O Amazonas, governado por Wilson Miranda Lima (União), teve média de 24,50 (1.049 assassinados). O partido ensaia um desembarque do governo federal para breve, mas ainda mantém ministérios na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O Pará, de Helder Barbalho (MDB), registrou 24,05 homicídios para cada 100 mil habitantes (2.084 assassinatos). Já o estado de Rondônia, governado por Marcos Rocha (União), somou 23,88 (417 assassinados). A Paraíba, de João Azevedo (PSB), fecha a lista dos dez piores indicadores com 22,99 assassinados a cada 100 mil habitantes (953 mortes no total).

Segundo especialistas, o cálculo de número de crimes por 100 mil habitantes é importante porque leva em conta o tamanho da população do estado e assim evita distorções nas análises. Por exemplo, uma cidade com 50 homicídios em uma população de um milhão de pessoas tem uma realidade de violência diferente de um município com os mesmos 50 homicídios em uma população de 100 mil habitantes.

De acordo com o cientista político Marcelo Almeida, especialista em segurança pública, ao usar a taxa por 100 mil habitantes, o governo consegue identificar onde a violência é mais grave, avaliar a eficácia ou fracasso de políticas públicas, planejar ações de segurança mais eficientes e prestar contas à sociedade. “Esse indicador é também o mais usado internacionalmente, facilitando comparações com outros países”.

O Ministério da Justiça informou que a metodologia utilizada para análise desses dados tomou como base o envio de informações das polícias dos estados e do Distrito Federal ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) e as taxas anuais foram calculadas de acordo com a população residente, conforme o Censo Demográfico de 2022 do IBGE.

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Quanto aos dados nominais de assassinatos – quando não há a comparação de vítimas com o tamanho da população – a lista de estados com mais mortes é composta por cinco estados do Nordeste, três do Sudeste, um do Norte e um do Sul.

Parte deles, sobretudo os cinco do Nordeste que aparecem neste levantamento, tem governadores favoráveis à criticada PEC da Segurança Pública, proposta feita pelo governo federal e em tramitação no Congresso Nacional que dará mais poder ao Executivo para influir nas políticas de segurança.

A Bahia, comandada por Jerônimo Rodrigues (PT), é o estado mais violento do país. Dos 35.365 homicídios registrados no ano passado no Brasil, 4.205 foram no estado, 12% do total. O segundo estado no ranking dos números absolutos é o Rio de Janeiro, no Sudeste, comandado por Claudio Castro, do PL. Em 2024 foram 3.231 assassinatos no estado.

O terceiro mais violento foi Pernambuco, também no Nordeste, com 3.200 registros. O Ceará (Nordeste) vem em seguida com 3.178 homicídios. Minas Gerais (Sudeste), governado por Romeu Zema (Novo), teve 2.853 assassinatos no ano passado.

São Paulo (Sudeste), governado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), vem na sequência com 2.377 homicídios. O Pará (Norte) registrou 2.084 homicídios dolosos, enquanto o Maranhão (Nordeste) somou 1.914 casos.

A Paraíba (Nordeste) contabilizou 1.554 homicídios ano passado. Fecha a lista dos dez em números absolutos o Rio Grande do Sul (região Sul), governado por Eduardo Leite (PSD), com 1.397 registros de mortes.

O número global de homicídios foi o menor em cinco anos: 35.365 (16,64 a cada 100 mil habitantes), com queda de 6,33% se comparado com o ano de 2023, quando foram registrados 37.754 homicídios (17,83 para cada 100 mil habitantes). Já as tentativas de homicídio foram as maiores em meia década: 40.874.

Ao celebrar a queda no número de homicídios dolosos, como o menor em cinco anos, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que o governo reforça sua função de coordenar, financiar e incentivar políticas públicas e que elas são orientadas por dados concretos.

Ele fez uma defesa direta da PEC da Segurança Pública, que prevê uma maior centralização de ações e poder na área da segurança nos estados e municípios nas mãos da União. A medida é criticada por governadores, principalmente dos estados do Sul e do Sudeste, e enfrenta resistência no Congresso entre partidos de oposição.

Segundo o ministro da Justiça, o objetivo do governo federal é manter e ampliar ações para reduzir a violência no Brasil. Para o investigador aposentado Sérgio Gomes, especialista em segurança pública, ao analisar de forma global os dados, é falsa a percepção de que os crimes violentos estão em queda, principalmente quando se lê os dados também sobre as tentativas de homicídio.

“As tentativas de homicídio tinham como objetivo a morte de alguém e esse número específico em ascensão indica que a violência avança pelas cidades brasileiras, apontam que quem tentou o ato não conseguiu levá-lo até o fim, mas a intenção de fato era a de matar”, alerta.

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Violência contra as mulheres avança a níveis preocupantes

O Mapa da Segurança Pública indica que o enfrentamento à violência contra as mulheres tem falhado. Ano passado foram registrados no Brasil 1.459 feminicídios, uma média preocupante, segundo especialistas, de quatro assassinatos por dia. O indicador é o maior avaliado na série histórica pelo Ministério da Justiça, de 2020 a 2024.

Os estupros também tiveram aumento. Todos os dias, 227 pessoas em média são vítimas desse tipo de violência no Brasil. Ano passado foram 83.114, contra 82.204 em 2023. Segundo o relatório do governo, 86% dessas vítimas são mulheres.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública reconhece que a violência contra a mulher preocupa e diz ser uma prioridade central de suas ações. A pasta afirmou que desde 2024 uma nova portaria determina a alocação de mais recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) ao enfrentamento da violência de gênero. Além dos estupros e feminicídios, 2.422 mulheres foram vítimas de homicídios no país ano passado.

Entre as iniciativas informadas pelo Ministério da Justiça para o enfrentamento a esses crimes está o Formulário Nacional de Avaliação de Risco (Fonar), que auxilia na identificação de situações de risco para mulheres vítimas de violência doméstica.

“Porém, em muitos casos, o que se vê é um sistema que falha e não falha pouco. Mulheres fazem dezenas de boletins de ocorrência contra agressores, medidas protetivas e, mesmo assim, são vítimas de agressões graves ou mortas porque o sistema falha”, alerta Almeida.

Para enfrentar essa realidade, o governo disse que foi criado o programa Antes que Aconteça, voltado à prevenção e ao fortalecimento da rede de atendimento. O Executivo destacou ainda a existência do Programa Nacional das Salas Lilás, que estabelece diretrizes para um acolhimento especializado. “Na prática, essas políticas precisam chegar à população e ser efetivas”, completa o cientista político.

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