
O advogado Eduardo Kuntz, que representa o coronel e ex-assessor de Jair Bolsonaro, Marcelo Câmara, afirmou durante uma entrevista ao canal CNN que o tenente-coronel Mauro Cid o procurou espontaneamente pelo Instagram. As declarações foram feitas nesta terça-feira, 17.
Ele também disse que agiu com cautela nas conversas, diante da possibilidade de o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro estar envolvido em uma ação controlada como parte da delação premiada.
As mensagens trocadas entre os dois foram entregues nesta semana ao Supremo Tribunal Federal (STF) como parte da estratégia de defesa no caso que apura a chamada “trama golpista”.
Outros relatos do advogado de Marcelo Câmara
Segundo o advogado, o primeiro contato foi feito por meio do perfil Gabriela R702, hoje desativado. “É comum que pessoas entrem em contato comigo pelas redes sociais”, relatou. “Quando percebi que era ele, fiz uma ou duas ligações para confirmar e, depois disso, só conversei por escrito ou áudio para me resguardar”, afirmou.”.
O advogado diz que o material foi registrado em um auto de investigação defensiva, previsto em lei, e que guardava as conversas desde 2024. A decisão de apresentá-las agora se deve ao início da fase de instrução do processo. “Foi uma estratégia”, disse. “Esse é um momento importante para juntar novas provas e apontar falhas processuais”.
Ele também afirmou que já conhecia Mauro Cid por vínculos ligados ao meio da equitação e que chegou a tentar ajudar a filha do militar a participar de uma competição — sem relação com o processo.
Sobre a negativa de Cid em reconhecer o contato, o advogado sugeriu que pode ter sido uma escolha estratégica. “Talvez seja uma forma de evitar que a delação seja questionada por falta de espontaneidade”, acrescentou Kuntz.
Defesa de Mauro Cid, que atua como delator no processo, contestou a autenticidade das mensagens atribuídas ao militar


A defesa de Mauro Cid, que atua como delator no processo, contestou a autenticidade das mensagens atribuídas ao militar. Mesmo assim, Kuntz anexou aos autos uma ata notarial de 51 páginas e um documento classificado como “defesa prévia”.
O material reúne capturas de conversas que ocorreram entre 29 de janeiro e 13 de março de 2024, período em que Cid estava proibido de acessar redes sociais ou se comunicar digitalmente por ordem judicial.
Os diálogos revelam que Cid acusou o delegado da Polícia Federal Fábio Shor de distorcer seus depoimentos. Segundo ele, o policial teria inserido termos que não foram ditos, como a palavra “golpe”.
“Várias vezes eles queriam colocar palavras na minha boca”, disse Cid. “E eu pedia para trocar. Eles toda hora queriam jogar para o lado do golpe. E eu falava para trocar porque nao era aquilo que tinha dito.”
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