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Brasil se alinha novamente a ditaduras ao condenar ataque dos EUA ao Irã

O governo Lula classificou o bombardeio dos Estados Unidos contra três instalações nucleares no Irã como uma “violação da soberania” e do direito internacional. A manifestação reforça o alinhamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com ditaduras e regimes autoritários. A oposição criticou o comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores neste domingo (22).

No último dia 13, Israel lançou a “Operação Leão Ascendente” sob a alegação de que o regime dos aiatolás estava muito perto de obter uma arma nuclear. O presidente americano, Donald Trump, decidiu entrar no conflito e determinou o ataque às usinas nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan na noite deste sábado (21).

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que ele e Trump defendem a “paz através da força”, pois “primeiro vem a força, depois vem a paz”. Após os bombardeios, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou fotos em que aparece ao lado de Trump e de Netanyahu, com a legenda: “Dê-me 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil”.

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O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, afirmou que “bandidos e ditadores só entendem uma linguagem, a da força”. A teocracia iraniana é comandada pelo aiatolá Ali Khamenei desde 1989. O controle do governo fundamentalista xiita no país começou com a Revolução Islâmica de 1979.

O Irã só permite a atuação de políticos subservientes ao regime e cala as vozes dissonantes, por meio de execuções, prisões e do exílio. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) compartilhou um vídeo do apresentador Ratinho, pai do governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), criticando o governo federal por “se meter” na guerra de Israel e não cuidar dos problemas do Brasil.

“O governo Lula não consegue fazer o dever de casa dentro do Brasil, não consegue fazer o arroz com feijão e quer se meter na guerra da Ucrânia, na guerra de Israel e Irã”, disse Flávio.

O senador Carlos Viana (Podemos-MG) afirmou que o Brasil “precisa retomar sua diplomacia equilibrada”. “Defender Israel é defender a democracia, os direitos humanos e a paz. Não podemos nos calar diante das ameaças do Irã contra Israel”, justificou Viana.

Para o senador Sergio Moro (União-PR), o país continua “despreparado” e “desorientado” na relação diplomática com outras nações. “Ataque pelos Estados Unidos às instalações nucleares do Irã. O mundo está cada vez mais perigoso. Enquanto isso, o Brasil continua despreparado e, com o atual Governo, completamente desorientado na ordem internacional”, disse Moro.

O deputado federal Mauricio Marcon (Podemos-RS) comemorou a decisão de Trump de atacar o Irã. “Eu amo esse cara. Que bênção ter Trump como presidente americano. Obrigado Deus, por ter salvo a sua vida”, declarou Marcon ao compartilhar um vídeo do pronunciamento do republicano sobre a ação militar.

A oposição já havia condenado a nota divulgada pelo Itamaraty após o início da ofensiva israelense contra o Irã no último dia 13. Na ocasião, o governo petista afirmou que a ação foi uma “clara violação” à soberania iraniana e ao direito internacional.

Além disso, Lula acusou Israel de “genocídio” contra o povo palestino reiteradas vezes desde o começo do conflito após o ataque terrorista do Hamas, em outubro de 2023. Em 2024, ele foi declarado “persona non grata” pelo governo israelense após comparar a reação do país contra o Hamas às mortes de judeus no Holocausto.

Durante sua passagem pela cúpula do G7, o presidente criticou novamente Israel pelo que chamou de “matança indiscriminada de milhares de mulheres e crianças” na Faixa de Gaza e citou possíveis impactos do conflito recente entre Israel e Irã.

“Os recentes ataques de Israel ao Irã ameaçam fazer do Oriente Médio um único campo de batalha, com consequências globais inestimáveis”, afirmou o petista, em um discurso que vai na contramão do discurso dos países do G7.

Lula busca protagonismo pela paz, mas mantém proximidade com ditadores e censura

As críticas à condução das relações diplomáticas do Brasil se aprofundaram neste ano com a viagem de Lula para participar da celebração dos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em Moscou, e se reunir com o ditador russo, Vladimir Putin. O evento contou com ao menos 20 representantes de países que vivem sob regimes autoritários ou ditatoriais.

Entre eles estavam aliados de Lula como os ditadores de Cuba, Miguel Díaz-Canel, e da Venezuela, Nicolás Maduro. Diante da repercussão, o presidente classificou as críticas como “exploração política” pela oposição, defendendo que a viagem à Rússia tinha o objetivo de reforçar o “multilateralismo”.

Lula tentou emplacar um acordo costurado com a China para o cessar-fogo na guerra entre Rússia e Ucrânia durante a viagem, mas sem sucesso. O mandatário brasileiro chegou a fazer um apelo para que o ditador russo participasse presencialmente das negociações de paz com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, em Istambul, na Turquia, o que não ocorreu.

Apesar das negociações, os dois países realizaram seus maiores ataques aéreos contra os territórios um do outro. Lula deu a entender que a Ucrânia não conseguirá retomar todos os seus territórios ocupados pela Rússia.

“Eu, sinceramente, acho que no subconsciente, ou melhor, no inconsciente de todos os líderes políticos do mundo, todo mundo sabe o que vai acontecer. Todo mundo sabe que as condições do acordo já estão colocadas. O que está faltando é coragem das pessoas dizerem o que querem. Vocês acham que o Putin vai sair da Crimeia? Nem ele quer sair, nem Zelensky quer perceber que a outra parte já invadiu e que ainda não tomou definitivamente”, disse o petista, no início deste mês.

Eleito com um discurso de defesa da democracia, Lula pediu ao ditador Xi Jinping que enviasse uma pessoa “de confiança” para discutir a regulação das redes sociais no Brasil, com ênfase na plataforma TikTok, de origem chinesa.

O regime utiliza um rigoroso sistema de controle estatal da comunicação na China, especialmente em relação às redes sociais. Plataformas como Google, Facebook e YouTube são banidas, e o TikTok local (Douyin) opera sob regras rigorosas de censura e vigilância.





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