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Gilmar defende legado contra Lava Jato e diz não se arrepender de nada

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes afirmou que o enfrentamento à Operação Lava Jato é um de seus principais legados e destacou que foi a “primeira voz relevante” a apontar a suspeição do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR). Citando o clássico “Non, je ne regrette rien”, da cantora francesa Édith Piaf, Gilmar disse que não se arrepende.

“Fui a primeira voz relevante que apontou que o rei estava nu. E fui o voto decisivo na suspeição de Sergio Moro na Segunda Turma”, afirmou o decano do STF à coluna Alice Ferraz, do Estadão, em entrevista divulgada neste domingo (22). Gilmar nunca escondeu a insatisfação com Moro nem com o ex-procurador da força-tarefa Deltan Dallagnol (Novo-PR).

Em dezembro de 2024, ele disse que o comando da Lava Jato foi deixado nas mãos de pessoas “microcéfalas” e com “cérebro de minhoca”. No mesmo mês, Gilmar afirmou que Curitiba (PR) ficou com má fama pela atuação de Moro e Dallagnol na operação.

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O ex-juiz é réu no STF por suposto crime de calúnia contra o ministro. A ação foi motivada por um vídeo divulgado nas redes sociais em que o senador fala sobre “comprar um habeas corpus do Gilmar Mendes”. À época, Moro afirmou que tem profundo respeito pela Corte e seus ministros e reforçou que a fala foi editada em um “contexto de brincadeira” e “não representa” o que ele pensa.

Na última sexta-feira (20), Gilmar completou 23 anos de atuação no Supremo. “Vivemos momentos de aplauso, como no Mensalão, e de crítica, como na Lava Jato”, disse à coluna Alice Ferraz, do Estadão, apontando que o STF é mal compreendido. Ele disse que parte da sociedade apoia a atuação do STF, mas de forma silenciosa, enquanto os “adversários são barulhentos”, mas não o abalam.

“Eu poderia estar contando a história da falência de uma Corte, como vi na Hungria ou na Turquia, onde colegas foram defenestrados dos tribunais. Mas estou aqui contando a história de uma Corte que fez a democracia sobreviver”, destacou.

STF é contra censura e Justiça está preparada para evitar abusos em 2026, diz Gilmar

Gilmar reforçou que a Justiça está preparada para “evitar abusos e retirar conteúdos falsos das redes” nas eleições de 2026. O STF formou maioria para ampliar a responsabilização das plataformas sobre os conteúdos publicados pelos usuários. O julgamento será retomado nesta quarta-feira (25).

“O ideal seria que o Congresso tivesse conseguido se dedicar a isso. Houve impulso no Senado, mas parou na Câmara por pressão das plataformas, que fizeram campanha contra. A terra de ninguém as beneficia”, disse o decano, reforçando que o Supremo é contra a censura.

O ministro acredita que a inteligência artificial pode ajudar no combate a crimes como pedofilia e incentivo à violência, mas crimes contra a honra devem ser analisados judicialmente. “Aqui, é necessária avaliação judicial – especialmente em eleições. Ironia ou palavra dura não são necessariamente crimes”, enfatizou.

O decano disse considerar “curiosos” os ataques do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral eletrônico que o elegeu oito vezes. “Foi algo engendrado. Imagino que alguém no governo [Bolsonaro] disse: ‘E se perdermos? Não vamos aceitar por conta das fraudes.’ E a partir daí se criou essa narrativa”, apontou.





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