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Haddad fica mais enfraquecido com crise do IOF e novos impostos

Com a derrota do governo na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira (16), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sai mais enfraquecido após os deputados aprovarem, por 346 votos a 97, o requerimento de urgência do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 314/2025, que revoga o decreto do governo que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O PDL deve ser votado pelo plenário da Câmara nas próximas semanas.

O plano do ministro era ampliar a arrecadação do governo com o aumento do IOF, imposto considerado como ferramenta regulatória. A medida, no entanto, abriu uma crise com o Legislativo, o que fez Haddad querer negociar o imposto com a taxação de investimentos isentos, como a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).

Com críticas da oposição, do agronegócio e até de aliados, Haddad enfrenta um cenário de isolamento crescente. Apesar dos esforços do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-SP), em angariar tempo para o governo voltar atrás na medida, a impaciência do Congresso com o ministro da Fazenda falou mais alto. 

“A Câmara deu um grito de basta! O brasileiro não aguenta mais pagar o preço da incompetência de um governo que só sabe gastar, que incha a máquina pública e quer empurrar a conta para quem trabalha e produz. Aprovamos a urgência, agora é trabalhar para votar o mérito e derrubar de vez mais esse aumento de imposto. Chega! O governo precisa cortar na própria carne e parar de sangrar os pagadores de impostos deste país”, disse o deputado Luciano Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara.

A ausência de Haddad no momento da votação da urgência na Câmara foi vista como um gesto simbólico de distanciamento. Ainda nesta segunda-feira, o ministro entrou de férias e deve ficar afastado até o dia 22 de junho.

Haddad chega ao ponto mais frágil de sua trajetória no governo

A crise do IOF não apenas abalou a política econômica do governo, mas também expôs o momento mais delicado do ministro Fernando Haddad desde que assumiu a Fazenda. Para o cientista político Felipe Rodrigues, o ministro está politicamente isolado e com sua autoridade profundamente abalada.

“Assistimos a um ministro que chegou ao seu pior momento no governo, politicamente isolado e com o capital político severamente corroído”, afirma.

Rodrigues aponta que a condução do decreto revelou uma desconexão entre Haddad e os demais atores políticos, além de uma falha grave de leitura do cenário institucional. “Um decreto dessa magnitude sendo editado sem passar pelo crivo da comunicação, sem articulação prévia com o Congresso, e gerando até críticas do próprio Banco Central, revela um ministro que ignorou a leitura política.”

Segundo ele, o fato de Haddad ter saído de férias justamente no dia da votação da urgência na Câmara também é um ponto simbólico.

Crise do IOF se soma à crise do Pix e pacote fiscal

A crise envolvendo o aumento do IOF não é um episódio isolado na trajetória de Fernando Haddad à frente do Ministério da Fazenda. Desde o início do governo Lula, o ministro tem enfrentado uma série de desgastes políticos e econômicos que colocaram sua condução da política fiscal sob constante escrutínio. A mais recente turbulência se soma a um histórico de embates com o Congresso, reações negativas do mercado e dificuldades de comunicação dentro do próprio governo.

Um dos momentos mais críticos ocorreu com a chamada “crise do Pix”, quando o governo cogitou mudanças no sistema de transferências instantâneas. A proposta, que visava criar uma cobrança sobre transações, foi mal recebida pela população e rapidamente virou alvo de críticas de parlamentares e da oposição. A repercussão negativa forçou o governo a recuar, expondo a fragilidade da articulação política e a dificuldade de antecipar reações populares a medidas que afetam diretamente o cotidiano dos brasileiros.

Outro ponto de tensão foi o pacote fiscal apresentado por Haddad, que prometia cortes de gastos e equilíbrio das contas públicas. No entanto, o plano foi considerado tímido por analistas e acabou desidratado no Congresso, frustrando expectativas de um ajuste mais robusto. 

A proposta, que previa uma economia de R$ 70 bilhões até 2026, foi recebida com ceticismo pelo mercado, contribuindo para a disparada do dólar e aumento da pressão sobre o ministro.

A tentativa de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil também gerou controvérsia. Embora fosse uma promessa de campanha do presidente Lula, a medida foi vista com desconfiança por economistas, que alertaram para o impacto fiscal da proposta. 

Haddad negou qualquer viés populista e afirmou que a reforma seria neutra do ponto de vista da arrecadação, sugerindo a taxação de milionários como forma de compensação. Ainda assim, a proposta segue sem previsão concreta de implementação, alimentando incertezas.

Metodologia: Foram ouvidas 945 pessoas em todo o país, por meio de recrutamento digital aleatório (Atlas RDR), entre os dias 3 e 5 de junho. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%.

Congresso não quer mais ouvir sobre taxação 

O consenso que se foi entre os parlamentares é que não há mais espaço para elevar tributos. Contando com o aumento do IOF, o governo Lula já fez 24 anúncios de criação ou elevação de impostos desde o início do atual mandato. O que corresponde a um anúncio a cada 37 dias, em média.

A diminuição do IOF pelo fim da isenção do LCI e do LCA foi avaliada como ineficiente para resolver o problema. “É trocar seis por meia dúzia”, disse o deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo. Assim como outros colegas, o congressista defendeu que o governo corte gastos para controlar as contas públicas. 

A reclamação vai além dos números. A sanha arrecadatória do governo já é vista como um risco eleitoral que o centrão deseja evitar em 2026. Em reserva, um parlamentar próximo do governo já afirma que tem escutado reclamações em sua base eleitoral sobre o comportamento de Haddad. 

Um levantamento feito pela AtlasIntel*, em parceria com o canal CNN, mostrou que, para 49,2% dos brasileiros, o ministro da Fazenda está politicamente mais fraco do que no início do governo Lula (PT), em janeiro de 2023. Para 49,2% dos brasileiros, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está politicamente mais fraco do que no início do governo Lula (PT), em janeiro de 2023.





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