
O ex-presidente da Câmara e ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo confrontou, nesta sexta-feira (23), o ministro Alexandre de Moraes durante depoimento no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Ao ser repreendido por Moraes por conta de uma resposta, Rebelo afirmou que não aceitava ser censurado. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) reagiu dizendo que poderia mandá-lo prender por desacato.
Aldo Rebelo foi convocado a depor pela defesa do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha e investigado por, supostamente, colocar-se “à disposição” de Jair Bolsonaro para um plano golpista, conforme apurações da Polícia Federal.
Natural de Viçosa, Alagoas, Aldo Rebelo, 69 anos, é jornalista e foi deputado federal por seis mandatos consecutivos, representando o estado de São Paulo. Sua trajetória política começou na esquerda, como militante da Ação Popular — grupo de resistência à ditadura militar com forte influência da Igreja Católica — e no movimento estudantil.
Atualmente, Rebelo está filiado ao MDB – mas permaneceu no PCdoB por 40 anos e já teve passagens por PSB e PDT. Durante os governos Lula e Dilma Rousseff, comandou os ministérios dos Esportes, Ciência e Tecnologia, e Defesa. Em 2005, assumiu a presidência da Câmara dos Deputados, sendo o primeiro integrante do PCdoB a ocupar o cargo.
Em 2008, foi candidato a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Marta Suplicy (PT). Em 2024, assumiu por alguns meses o cargo de secretário de Relações Internacionais da capital paulista, a convite do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Nos últimos anos, Aldo passou a adotar posições que o distanciaram da esquerda tradicional, aproximando-se do bolsonarismo e de pautas conservadoras. Em novembro do ano passado, foi elogiado publicamente por Jair Bolsonaro, selando seu novo alinhamento político.
Na época, Bolsonaro disse que pensava em ter Aldo Rebelo como ministro da Amazônia em um eventual segundo mandato. Segundo o ex-presidente, Rebelo é “um cara fantástico em todos os aspectos”. Na ocasião, o ex-presidente falava sobre quadros políticos relevantes fora do seu partido, o PL.
Além dos cargos de destaque, Aldo também ficou conhecido por propostas legislativas inusitadas. Em 1999, apresentou um projeto que previa punição ao uso excessivo de expressões estrangeiras no país. Em 2003, propôs substituir o Halloween pelo Dia do Saci-Pererê, celebrado em 31 de outubro. Outra sugestão foi a obrigatoriedade da adição de derivados de mandioca à farinha de trigo usada em pães e massas, como forma de valorizar a agricultura nacional.