
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino relatou nesta quinta-feira (22) ter recebido uma mensagem com ofensas e ameaças por meio da ouvidoria da Corte. Dino leu o texto durante a sessão desta tarde e disse ter sido chamado de “canalha” e “rocambole do inferno”.
O magistrado afirmou que a mensagem “muito gentil” o acusava de ter estado nas ruas em 1979 pedindo a anistia para “ladrões de banco, assassinos”, também para os artistas Gilberto Gil e Caetano Veloso e para a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Eu tinha 11 anos. Posso garantir que eu estava jogando bola, brincando de carrinho”, ironizou.
“O cidadão diz que eu sou um ‘canalha’. Aí ele me chama – ministro Alexandre, para não lhe deixar sozinho com os apeninos que achamos jocosos – de ‘rocambole do inferno’. É esse que vos fala. Eu achei muito criativo, até poético. Vou perguntar para minha esposa o que ela acha. Ela vai dizer ‘você é meu rocambole, nunca do inferno’”, emendou Dino arrancando risos dos colegas.
VEJA TAMBÉM:
Nesta terça-feira (20), Moraes também ironizou os apelidos dados a ele por militares acusados pela suposta tentativa de golpe de Estado, destacando “cabeça de ovo” e “professora”, durante o julgamento que tornou réus mais 10 denunciados.
“Além disso, eles também conseguiram fazer vários apelidos para esse ministro relator”, disse Moraes na ocasião. Em seguida, Dino brincou: “Quero dizer, Vossa Excelência, que o anterior é mais simpático: centro de gravidade. É mais simpático”.
Na sessão desta tarde, a Corte analisava a validade de cargos técnicos comissionados nos tribunais de contas de São Paulo e de Goiás para agentes de segurança. Dino destacou que as ameaças direcionadas aos ministros podem resultar em ações reais.
“Ele termina assim, estou tirando as palavras que ofendem o decoro da família brasileira: ‘Um cara como você tem que apanhar de murro por cima da cara, arrancar dente por dente da tua boca. É na porrada, meu. Bastam 100 homens aí em Brasília, invadem o STF e expulsam’”, afirmou.
O ministro disse ter relatado a situação no plenário para mostrar como o “espírito do tempo” é de cultivo de ódio em escala criminosa. “As caixas de comentários das redes sociais ganham densidade quando penetram na mente humana e se transformam em força material”, disse.
“O regime de segurança não é o mesmo de 10 ou 20 anos atrás, infelizmente. É péssimo, é horroroso, é horrível os limites com os quais nós e nossas famílias têm que lidar por conta dessas pessoas. Não sei se esse senhor ou outro resolvem invadir isso aqui, como já aconteceu”, acrescentou.
A segurança do Supremo Tribunal Federal foi reforçada desde os atos de 8 de janeiro de 2023. Além disso, em 13 de novembro de 2024, o chaveiro Francisco Wanderley, conhecido como Tiu França, tentou entrar com explosivos no edifício-sede da Corte. Barrado por seguranças, Wanderley explodiu um artefato perto da própria cabeça e morreu em frente ao STF.