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Gazeta do Povo entrevista Romeu Zema

Em entrevista exclusiva à reportagem da Gazeta do Povo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse que encara como um aspecto positivo as várias opções da direita para concorrer à Presidência da República no ano que vem. “As pessoas apreciam governantes sérios que, em vez de jogar para a galera, estão mais preocupados em fazer o time melhorar”, afirmou ele, respondendo que gostaria de “caminhar junto” ao PL no projeto de construção de uma candidatura.

Calcado numa gestão estadual que acredita na força de percorrer o estado – ele faz questão de enaltecer as cerca de 80 cidades mineiras que antes dele nunca tinham recebido um governador – Zema destaca a evidência de Minas na economia, com os R$ 475 bilhões em atração de investimentos.

Ele se consolida como uma das vozes mais críticas à atual gestão federal petista entre os governadores e diz que vai para 2026 “sem vaidade” e que seu diferencial “é pensar no futuro, não na próxima eleição”. Nesse aspecto, ele enfatiza a união dos governadores de oposição: “o que temos em comum é tirar a esquerda lá de Brasília”.

Zema alerta: “estamos com um cenário muito semelhante a 2014, que antecedeu a maior recessão do Brasil” e sintetiza o que considera como as “barbeiragens” dos governos petistas: “conseguiu entregar escândalos de corrupção, a maior recessão do país e revanchismo”. Em uma conversa franca, o governador defendeu a postura de “gestor chão de fábrica” e comentou sobre a sucessão estadual.

Confira a entrevista da Gazeta do Povo com o governador Romeu Zema

Gazeta do Povo: O senhor faz questão de enfatizar, durante esses seis anos de governo em Minas Gerais, que é um gestor “chão de fábrica”. O senhor ainda acredita que é possível fazer uma boa gestão e estar presencialmente em todos os municípios?

Romeu Zema: Na minha opinião, uma coisa caminha junto com a outra, porque quando você está próximo – está no chão de fábrica, no interior – você encontra com o prefeito, com vereadores, com o setor produtivo, com o produtor rural, você toma conhecimento de questões que nenhum relatório te informa. Então, na minha opinião, é fundamental.

Você estar a par do que está acontecendo ali; relatório não informa se as pessoas estão animadas ou desanimadas, esperançosas ou não, se o clima ali está bom para fazer as coisas mudarem. E as pessoas apreciam um líder que está próximo, que comunica, que escuta. Então, acho que por si só, o fato de você estar presente junto a um maior número de cidades possível já é algo que causa uma melhoria.

E considerando ainda mais que aqui em Minas o interior sempre foi muito esquecido. Das 400 cidades, eu penso que em umas 80 que eu fui, pela primeira vez na história da cidade receberam um governador. E isso significa muito. Um líder presente é um líder que vai ter melhores resultados.

Logo no início da sua gestão ocorreu o acidente de Brumadinho. Depois veio a pandemia de Covid-19, sem contar Minas estava em uma situação financeira muito delicada. Qual das dificuldades enfrentadas durante o governo foi a mais difícil de superar?

Romeu Zema: Brumadinho foi muito difícil, porque foi no meu primeiro mês de governo. E tudo que era possível fazer em termos de ajuda humanitária para as pessoas atingidas foi feito. Até hoje estamos com a operação de busca em andamento, provavelmente a maior operação de busca da história da humanidade.

Vai completar sete anos no próximo mês de janeiro. E a projeção é que termine por volta disso. Uma operação de busca que, das 272 vítimas, já localizou 270. Faltam de 2% a 3% do material para ser revistado, então é provável que essas duas vítimas estejam ali.

A pandemia foi um momento muito difícil para todo gestor público. E quando você enfrenta essas dificuldades sem dinheiro, que é o caso de Minas ainda, tudo fica mais complexo. Porque quando você tem dinheiro, você compra medicamento, você compra equipamentos. E quando você não tem, você tem de usar ao máximo da sua equipe, do conhecimento e extrair ao máximo.

Minas, como outros estados, ainda está numa dificuldade financeira gigantesca. Nós aderimos ao regime de recuperação fiscal e temos uma dívida de R$ 165 bilhões, com juros caríssimos. Se nós não tivermos uma solução definitiva, esses estados endividados nunca vão sair do buraco, porque a arrecadação simplesmente não acompanha a correção da dívida. É você ter uma prestação que está no limite do seu orçamento doméstico, todo ano seu salário sobe 6% e a prestação sobe 15%. Ano a ano a sua situação só agrava. Foi o que aconteceu nesses estados.

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Aproveitando seu comentário sobre o Regime de Recuperação Fiscal (RRF) e a necessidade de controlar a dívida do estado, foi publicado recentemente um decreto de contingenciamento, que deu 10 dias para todos os órgãos do governo revisarem o orçamento e teve grande repercussão local. Pensando que estamos próximos de um período eleitoral, essa provavelmente não seria uma medida tomada por outros governos, pois falar em revisar custos e, eventualmente, demitir pessoas costuma ser um assunto impopular. O senhor teme pela decisão?

Romeu Zema: Eu tenho medo de fazer o errado. Se fazer o certo for impopular, eu estou disposto a fazer sem problema nenhum. Isso aconteceu em 2022, o ano da minha reeleição, quando começamos a ver aqui manifestações e passeatas. E eu fui muito claro: eu poderia dar reajuste, se não me engano, de 10%, que foi dado naquela ocasião. E as categorias, querendo duas, três, quatro vezes mais. Eu falei não. Eu não estou aqui para ganhar eleição, estou aqui para consertar o estado.

Posso perder a eleição, mas eu vou continuar dormindo com a minha consciência tranquila. E dei os 10%, que era o que o estado conseguia dar. E, contrariando essa questão de impopularidade, eu acabei sendo reeleito. Eu acho que as pessoas apreciam também, cada vez mais, governantes sérios, que em vez de estar jogando para a galera estão mais preocupados em fazer o time melhorar.

Temos uma dívida de R$ 165 bi com juros caríssimos. Se não tivermos uma solução definitiva, os estados endividados nunca vão sair do buraco, porque a arrecadação não acompanha a correção da dívida.

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo)

E nós estamos em um momento em que a economia está desacelerando fortemente devido a essas barbeiragens do governo federal, que está fazendo o poder de compra da população cair devido à inflação. E nós temos que fazer os ajustes.

A última coisa que eu quero é enfrentar as dificuldades que eu já enfrentei no início do meu governo: folha de pagamento atrasada, fornecedores sem receber, suspendendo o fornecimento para o estado e muitas outras tragédias que nós tivemos aqui. As prefeituras sem receber repasse de IPVA e ICMS.

Então, nós trabalhamos com o pé no chão. Eu não quero ter nenhuma surpresa ruim. E esse contingenciamento já aconteceu diversas outras vezes no meu governo. Acho que por ter saído no feriado, ele [o último anúncio] chamou mais atenção.

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O senhor comenta sobre não deixar as dificuldades para o próximo gestor e declarou que o vice-governador, Mateus Simões, tem o seu apoio como sucessor natural. Como é a divisão e a delegação de funções a ele, pensando em 2026?

Romeu Zema: Eu sempre fui estudioso de gestão, e todo especialista fala que o maior desafio não é fazer uma boa gestão, é fazer uma boa sucessão. Fiz isso na empresa que eu administrei por 30 anos, a empresa está funcionando sem a minha presença, e eu quero que Minas continue em boas mãos. O meu braço direito tem sido o professor Mateus, que veio para o governo em março de 2020, chegou aqui junto com a pandemia. Foi secretário-geral durante a minha primeira gestão, agora é vice-governador, e tem sido uma peça fundamental.

Gostaria muito que ele me sucedesse, mas independentemente de quem vier a me suceder vai pegar um estado que é exatamente o oposto daquele que eu recebi. Vai pegar um estado organizado, com as contas em dias e, em vez de ser um cemitério de obras abandonadas, inacabadas, vandalizadas – que foi o que eu recebi – vai receber um grande canteiro de obras em andamento – talvez as maiores obras da história de Minas.

As pessoas apreciam governantes sérios que, em vez de estar jogando para a galera, estão mais preocupados em fazer o time melhorar.

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo)

Metrô linha 2, uma obra que estava sendo aguardada há 30 anos, e Rodoanel Metropolitano, vão mudar por completo a mobilidade urbana aqui, acabar com esse congestionamento no Anel Viário. A duplicação Ouro Preto e Mariana-Belo Horizonte também, e várias outras obras de menor porte. Tudo isso vai ser entregue nos próximos cinco anos, imagina só a movimentação.

Dessas, a única já iniciada é a do metrô. Na política planta-se muito, o que os políticos gostam é de plantar milho e soja, que daqui a poucos meses está colhendo, e aqui nós plantamos muito eucalipto e mogno, que vai colher em sete, doze anos.

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A infraestrutura sempre foi um problema em Minas Gerais – e uma das melhorias elogiadas são as concessões rodoviárias. No entanto, a concessão da Linha Verde (MG-010 e MG-424) ligando os municípios do vetor norte a Belo Horizonte gerou reclamações. Esse movimento contrário é uma falha de comunicação na divulgação dessa concessão ou um apelo eleitoreiro de políticos das cidades vizinhas?

Romeu Zema: Eu acho que vai muito nessa segunda linha. Logo que nós demos publicidade, queríamos levar adiante esse projeto, o que não faltou foram vereadores, prefeitos e deputados que, em nome de uma pretensa proteção dos usuários de rodovias, estariam alertando a população que nós queremos, de maneira agressiva, colocar diversos pedágios para quem iria utilizar a MG-10, a MG-424. Infelizmente, faz parte, parece, da política esse tipo de ação, de alguém querer se tornar o grande benfeitor.

Mas nós estamos provando, e eu estou muito confiante, que esses investimentos no vetor norte são de fundamental importância. Nós vamos duplicar Ouro Preto e Mariana. Se aqui não tiver melhorias, o crescimento econômico vai lá para o sul.

E aqui no norte qualquer um que vai aqui pela MG-10, para Vespasiano, para Sete Lagoas, sabe que está tudo congestionado, precário e não há recursos do estado suficientes para fazer melhorias. Estamos cientes que temos aqui pessoas que vão e voltam diariamente, táxi, aplicativos, tanto é que já conseguimos viabilizar para que quem passe mais de uma vez por dia só pague uma vez no período.

E para aqueles que usam essas vias constantemente temos descontos progressivos de acordo com a quantidade de passagens por mês. Então temos essa ciência, por se tratar de um pedágio numa área mais urbanizada, que tem esse vai e volta, mas o que nós precisamos é ter uma infraestrutura que traga um desenvolvimento para o futuro. Caso contrário, nós vamos continuar eternamente com empresas que gostariam de se instalar aqui, como eu já escutei muitas vezes, mas na hora que vai lá visitar e vê o congestionamento, acabam optando por outras regiões.

A economia está desacelerando fortemente devido a essas barbeiragens do governo federal, que está fazendo o poder de compra da população cair.

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo)

Na sua gestão, a exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha cresceu muito e, por consequência da instalação de grandes mineradoras na região, tem sido divulgado um grande desenvolvimento econômico e social. A mineração é a essência do estado e, frequentemente, alvo de protestos ambientalistas. O senhor acredita que a mineração deixará de ter importância para Minas em algum momento?

Romeu Zema: Aí nós temos também, infelizmente, essa pauta eleitoreira. De gente que diz que defende o meio ambiente nós estamos cheios do mundo. Agora, gente que efetivamente age em prol do meio ambiente, são pouquíssimos.

É uma minoria de pessoas que deixam de ter um carro porque todo carro é feito de minério de ferro, que deixam de ter um celular que tem lítio e uma série de minerais. Nós só consumimos recursos naturais porque todo mundo quer ter um carro, um celular, uma série de bens que fazem parte da nossa sociedade. Então, tem muita hipocrisia nesse meio aí, né?

Em Minas, a atividade mineral é muito relevante e nós temos exemplos de preservação exemplares. O Inhotim, há 40 anos, era uma mineração. Vai lá hoje e vê aquela área verde. O Parque das Mangabeiras, a mesma coisa. No mundo todo, e aqui em Minas, nós temos áreas que foram mineradas e que o pós-mineração, sem dúvida nenhuma, ficou até mais bonito que o pré-mineração.

Mas tem gente que vive de falar que está protegendo o meio ambiente. Com a lei Mar de Lama Nunca Mais, implementada pós-tragédia de Brumadinho, as regras em Minas ficaram mais seguras, e na época eu disse que quero ser o último governador de Minas que teve de enfrentar uma tragédia ambiental.

Das 54 barragens construídas à montante aqui em Minas, 20 já foram eliminadas e as outras estão em processo de descomissionamento. É um estado que está ficando cada vez mais seguro, mas a mineração tem essa importância. A cada ano que passa, devido à quantidade de investimentos que nós estamos atraindo – já foram R$ 475 bilhões de reais – estamos ficando com a economia mais diversificada e, consequentemente, menos dependente da mineração, que é um recurso exaurível.

Daqui a 50 anos, muitas das minas atuais estarão exauridas. Então, nós temos essa visão de diversificar cada vez mais a economia. Mas eu tenho plena ciência que é possível conciliar meio ambiente com mineração. Isso acontece na Austrália, no Canadá, numa série de outros países que têm exigências tão grandes ou até maiores do que as nossas.

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Temos notado uma mudança de tom nos discursos, com críticas contundentes ao governo federal. Associou-se isso a uma mudança de estratégia de marketing e críticas surgiram, o ex-presidente do seu partido apontou que seria um movimento eleitoreiro. Essa é uma estratégia de posicionamento ou uma estratégia do Romeu Zema como pessoa que vai estar sempre ligada à política?

Romeu Zema: Bom, eu quero deixar claro que compartilho da mesma indignação de toda dona de casa, de todo brasileiro. É só ir no supermercado que você vê muito bem o que está acontecendo. Eu estou a favor de quem faz governo sério, que sabe que gastança traz uma série de problemas.

E um dos principais problemas que essa gastança faz, primeiro, inflação. Você colocar dinheiro demais na economia aquece o consumo e vem a inflação, que é o que nós estamos assistindo. Junto com a inflação, para o governo tentar controlá-la, aumento na taxa de juros, que é outro fator pernicioso. Quanto maior a taxa de juros, menos investimentos ficam viáveis. Num país que precisa tanto de investimento, esse aumento na taxa de juros dificulta.

E esse governo, que fala tanto em querer beneficiar os pobres, está fazendo exatamente o inverso: aumentando o preço e aumentando a taxa de juros, quem é que ele está beneficiando? Os rentistas. É quem tem milhões aplicados, que às vezes ganhava um milhão por mês de aplicação, está ganhando agora um milhão e meio com esse aumento da taxa de juros. E prejudicando o desenvolvimento dos estados – eu tenho me posicionado muito nessa linha, como eu falei.

A atividade econômica começa a cair. Já está desacelerando, está ficando muito visível e a conta vai vir. Nós estamos aí com um cenário muito semelhante a 2014 – o ano que antecedeu a maior recessão do Brasil, que veio em 2015 e 2016. A economia do Brasil naqueles dois anos caiu 8%, exatamente devido a uma conjuntura muito semelhante a essa de agora: gastança, juros aumentando e um descontrole total visando só questões eleitoreiras.

Então, eu como brasileiro e agora também como governador, me vejo exatamente com essa responsabilidade. E como eu não devo nada para o governo federal, eu fico bastante à vontade em estar falando. E aqui faço o oposto, mostrando o que tem dado certo.

Aqui, cada real que é gasto é contado. Quem está no setor público tem de lembrar que tudo que ele gasta alguém está pagando do outro lado do balcão. E as pessoas já estão fartas de pagar impostos. E agora, além de pagar muito, como sempre aconteceu, vem uma inflação para poder fazer a vida ficar um pouco mais difícil.

A atividade econômica está desacelerando e a conta vai vir. Estamos com um cenário muito semelhante a 2014 – o ano que antecedeu a maior recessão do Brasil.

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo)

Estamos em um momento em que diversos governadores se posicionam como possíveis presidenciáveis, como o senhor. E uma ligação natural, pensando em candidatura à Presidência da República, seria com o PL (Partido Liberal). Como está a relação do senhor com o PL? Existe essa possibilidade?

Romeu Zema: É uma relação boa, temos um contato próximo com o PL. O que fica muitas vezes a desejar é que parte da bancada do PL de deputados estaduais, muitas vezes, não vota conosco na Assembleia Legislativa. É um problema com o qual nós temos convivido há tempos. Mas é um partido com o qual nós temos afinidade, sim, com quem estamos sempre dialogando e com o qual nós gostaríamos de caminhar juntos em 2026.

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O partido Novo mudou sua posição com relação a coligações nos últimos anos. Nesse sentido, temos vistos outros nomes sendo levantados como possíveis parceiros de chapa em 2026, como dos governadores Ratinho Junior (PSD-PR), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ronaldo Caiado (Uniao Brasil-GO). O senhor os enxerga como parceiros em 2026?

Romeu Zema: Primeiro, eu fico muito feliz de saber que a direita tem muitas opções. Na minha opinião, são todos nomes bons. E o que nós temos em comum – e eu falo que eles podem contar comigo – é tirar a esquerda lá de Brasília, que é o grande problema do Brasil. Essa pauta retrógrada, esse revanchismo, esse querer achar um culpado, enquanto o culpado é o que eles estão fazendo…

Então, eu fico muito feliz e vou dar toda a minha contribuição. Eu vi que aqui em Minas, um trabalho sério, eu que venho do setor privado, que tenho uma visão diferente, quero estar contribuindo. E, para mim, não tem essa questão de vaidade. O que eu quero é estar ajudando a melhorar o Brasil, como fizemos com Minas Gerais.

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E qual é o diferencial do senhor para uma disputa presidencial?

Romeu Zema: Acho que eu tenho uma série de diferenças com relação à grande maioria dos demais. Primeiro, eu sou mais setor privado do que político. Passei 30 anos, toda a minha vida profissional, no setor privado. O único cargo público que eu tive foi governador, nada além disso antes. Venho de uma família e fui empreendedor. Eu fiquei 30 anos à frente de um negócio que eram quatro lojas, e quando eu saí eram 470 lojas.

Eu me considero e acho que a política precisa de gente que pensa diferente. Em vez de pensar em eleição, em voto, eu penso em resultado. Então, acho que a política no Brasil precisa muito disso, de quem pensa no futuro, em entregar bons resultados, mais do que quem está pensando na próxima eleição.

Parece que esse “curto prazismo” é o que tem condenado o Brasil a esse crescimento medíocre das últimas décadas. Não vou falar só desse atual governo, mas o que esse governo [referindo-se aos mandatos petistas desde 2003] conseguiu entregar foram escândalos de corrupção, a maior recessão da história do Brasil, e agora revanchismo, olhando mais para o passado, focando mais em adversários do que olhando o futuro. Então, eu acho que a minha principal diferença é ter esse conceito diferente de gestão.

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Em seu discurso durante a solenidade de entrega da Medalha da Inconfidência, em Ouro Preto (21/4), o senhor mencionou a questão da liberdade e de não termos, plenamente, esse direito atualmente, apesar de estar na Constituição. Esse discurso teria sido um “recado” para o deputado Hugo Motta, como presidente da Câmara?

Romeu Zema: Bom, eu sou totalmente favorável à liberdade de expressão. Acho que toda vez que você quer regular o que os outros falam, você está cometendo um erro enorme. Quem fala bobagem, uma hora vai chegar à conclusão de que falou bobagem.

Quem faz isso, com o tempo, perde credibilidade, perde audiência, e não é tendo uma autoridade reguladora que você corrige isso. Eu acho que é algo que se corrige no próprio dia a dia. E como mineiro, eu prezo mais ainda por isso.

O discurso ali não foi para ninguém específico, foi para esse contexto que nós estamos vivendo, de que parece que algumas pessoas estão se colocando como portadoras da verdade, e a verdade muitas vezes pode ser meio que distorcida. E tem sido no Brasil, infelizmente, nos últimos tempos.

Temos assistido inclusive perseguição, pessoas que tiveram suas redes sociais suspensas porque estão criticando. E eu falo que crítica é bom. Muitas correções que nós fizemos aqui no meu governo foi porque tinha alguém criticando, que levantou, e na hora que você “cala a boca de alguém”, você está perdendo essa oportunidade. Então crítica é bem-vinda. Em vez desse atual governo federal querer calar a boca de alguém, ele devia olhar os problemas internos e corrigi-los, que muitas vezes essas críticas estão até apontando.

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